MANUEL HORTA
Texto 1
O meu trabalho como Artista Plástico, não ignora a(s) História(s) as Ciências, situa-se na atualidade em direção ao futuro. Observo, experiencio, acompanho o progresso tecnológico e científico. O meu trabalho integra diferentes processos criativos que permitiram a experimentação e aprendizagem de tecnologias e processos tecnológicos facilitadores de uma produção que se desvia do fazer objetos e da intenção comercial que formata, condiciona, o (s) objeto (s).
A ideia, a condição humana, a ação humana, o quotidiano, a vivência do dia-a-dia, a linguagem, o som, a imagem, são fatores importantes na produção realizada, produção que valoriza o conceito, o processo, explora diferentes matérias. Obra que no geral é desancorada de uma matéria primordial, contudo explora, vivencia e utiliza o tridimensional, o áudio visual, o bidimensional; “matérias nobres e tradicionais” (barro, pedra, madeira, bronze, pasta cerâmica) e “matérias não nobres” (matérias reutilizados como: cartão, desperdícios, sobras, pão, cabos elétricos, plásticos, borrachas de camara de ar, entre outros) são exploradas e utilizadas em diferentes tecnologias, diferentes processos tecnológicos e criativos.
Procurando referências de estudo na História da Arte e nas práticas artísticas da atualidade são inúmeros os autores/as e obras que admiro e procuro entender. Nos processos de pesquisa e de trabalho efetuados procurou-se obter e padronizar referências além das intrínsecas ao universo da Arte, como as ciências, as ciências sociais, a ecologia, a intervenção social e comunitária, os meios de comunicação e difusão cultural e social. Neste contexto de trabalho revelam-se diferentes autores e obras que possibilitam colecionar imagens, textos, documentos que se utilizam como referencial e como matéria pedagógica na elaboração da produção realizada.
Procura-se nestes processos de trabalho obter formação, aprender, utilizar os conhecimentos e trabalhar a ideia. O saber, o conhecimento, complementa-se a fim de dar corpo à ideia, ao desenho, para produzir, apresentar, instalar intervir com a obra realizada.
A produção Humana tem como base o desenho, pois tudo o que é fabricado é desenhado, modelado, moldado, editado/impresso. Entende-se assim o vasto campo do desenho, como a base para exteriorizar a ideia.
As obras realizadas e apresentadas quer individualmente quer coletivamente permitiram explorar e estudar e utilizar diferentes conceitos de espaço e lugar, uma espécie de matéria arquitetonica que se integrou como suporte para exposições, instalações/intervenções, ações de carater público. Espaços e lugares que se situam entre as designações de “institucionais” e “externos a qualquer instituição”, situações que revelaram e foram ao encontro de diferentes públicos, marca este percurso o desvio consciente ao espaço de difusão comercial (espaços expositivos) da Arte.
Da prática e pesquisa resultam, transversalmente aos diferentes projetos, cadernos de projeto, matéria diversificada em temáticas, em processos e sínteses finais, que caracterizam uma produção que recorre aos meios digitais de registo, tratamento e edição/impressão de imagem, som, vídeo, texto e a meios “tradicionais” como, Desenho, Escultura, Artes gráficas e a Pintura. Além do lado documental os cadernos produzidos, são objetos que estão antes, durante e depois dos projetos correspondentes, exploram a possibilidade de serem também sínteses de processos criativos que igualmente exploram e se relacionam com a ação, o espaço, o tempo e com observador.
Destas ações resultam questões, uma meta-matéria que transita, funde-se, com novas ideias e práticas em novos projetos de pesquisa.