MANUEL HORTA
Mapear a cidade
Partindo de um processo criativo que Max Ernst (1891-1976), artista plástico, desenvolveu e aplicou na recolha de texturas de diferentes superfícies. Explora-se a técnica conhecida como “frottage” (francês) (em português, esfregar; em inglês “rubbing”), que consiste em esfregar um meio atuante, grafite, carvão, pastel de óleo, lápis de cera, esferográfica, marcador, sobre um papel colocado por cima de uma textura ou relevo.
Técnica que se pode associar ao tato e por outro lado ao desenho, ao registo, aos percursos e observações que se fazem no quotidiano urbano. O que vê se e se poderá tocar.
Paralelamente executam-se pequenos módulos relevados em pasta cerâmica prensada contra a textura, superfície relevada, obtendo se o seu negativo em pasta cerâmica.
Potenciando este contexto expressivo e plástico procura-se mapear a cidade. Cada rua tem no seu piso e edifícios tampas de acesso ao saneamento, telecomunicações, águas, eletricidade, gás, gravuras e placas identificativas em metal, azulejos, relevos e texturas que marcam diferentes camadas de tempo, diferentes desenhos e modos de vida.
Este projeto possibilita também refletir e pesquisar sobre a história das fundições de ferro e de outros metais e da produção cerâmica, industrias que não deixam de estar relacionadas com o passado industrial das cidades e com o contexto produtivo atual.
Do processo criativo, no final, obtêm-se mapas e objetos que podem ser expostos. Registos visuais que podem ser adicionados a mapas de localização na Internet.