MANUEL HORTA

Participação no projeto de curadoria de Rúben Ribeiro, O objecto e a arquitectura, interseção, o espaço,  com a obra MOVER

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O objecto e a arquitectura, interseção, o espaço

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O projecto apresentado sugere um conjunto de momentos reflexivos sobre a conceptualização de uma obra artística em espaço limitado por uma arquitectura. Nesta demonstração, optou-se por três diferentes tipologias de arquitectura, e em cada uma delas, permanecerá uma obra de artepretendendo um diálogo transparente ao observador. As linhas apresentadas surgem para questionar os valores estéticos e a memória, num ambicioso debate entre valores e conceitos e em estrita relação entre a obra e o espaço.
Daqui resulta numa articulação estabelecida entre o objecto, a luz, matéria e corpo, conduzindo a obra a uma experiência no espaço, sendo que o olhar do espectador irá confrontar o objecto no meio envolvente.
No que diz respeito ao espaço, o nosso olhar estabelece sempre uma forma única e primária em cada um de nós, e os objectos artísticos enquanto experiências procuram elevar o artista à materialização do conceito. Las figuras plásticas son cuerpos. Su masa, compuesta de diferentes materiales, está configurada de múltiples
maneras. La configuración acontece en la delimitación, entendida como inclusión y exclusión con respecto a un límite. Aquí es donde entra en juego el espacio. (Heidegger; El arte y el espacio. Herder, 2019, p. 13.) Uma vez descrito a orgânica conceptual, e relativamente ao projecto expositivo de curadoria, o objectivo será conceber três momentos de reflexão através de uma análise teórica entre a arte e o lugar, ao qual designei de interseção entre o objecto e a arquitectura. O entendimento que pretendo invocar é de uma autêntica renovação das linguagens, envolvendo o  orpo e matéria e o espaço, sendo que o projecto conceptual irá dialogar com o vazio no instante, e
conferindo um significado e uma dimensão, num espaço que tende a definir momentos. Os autores convidados a estar presente neste diálogo estético são Lucas Assis Velo através de um  jogo de formas e volumes na Livraria/ Galeria de arte, Luiza Schaefer através de uma instalação processual na Biblioteca Municipal, e Manuel Horta com uma instalação orgânica na Igreja de Santa Clara.
No que diz respeito aos espaços e em concreto na arquitectura religiosa será permitido observar o movimento no objecto artístico a cada dia expositivo, invocando uma rotação em plena procura de pontos de referência face a uma concepção antropocêntrica.
Por sua vez, a instalação na arquitectura que se quer pública, remete o observador e interveniente para o uso da palavra e sua escrita, em plena dedicação e devoção pela memória, com pensamentos fluídos e contínuos. Por fim o objecto que estará presente num espaço de registo doméstico e/ ou comercial, deve ser perspectivado enquanto síntese de um jogo de movimentos e volumes obedecendo a regras previamente estabelecidas.
O projecto curatorial foi pensado e articulado entre duas cidades limítrofes, e desta forma com intenção de poder ser realizada uma leitura pontual ou contínua, mas priorizando a reflexão estética. Os períodos da exposição nos espaços permitem uma outra leitura, pelo que enquanto a Livraria oferece algo contínuo, a Biblioteca introduz uma leitura mais breve, enquanto a Igreja oferece segmentos, pausados, controlados pelo tempo.
Os objectos e seus corpos inseridos nas arquitecturas, tendem a desenvolver diálogos ímpares e complementares no pensamento do visitante, assumindo uma leitura convergente e preponderante, pelo que será interessante acompanhar o método utilizado por cada um de nós.
A esta visão, importa incluir as relações de contaminação entre os lugares e seus objectos e no que diz respeito ao espaço, este subsiste como vazio entre volumes, sendo que o objectivo da arte é apresentar a verdade.

Rúben Ribeiro